Apenas um marginal, nada que se apresenta como certo atrai os pensamentos de quem nasceu livre, é o certo seguir normas e se comportar em alguma linha apresentada, o marginal não tem consciência e é egoísta, completa se muito em si mesmo a ponto de não enxergar o que querem mostrar, é egocêntrico ao ponto de acreditar que não há perigo que o faça desanimar, o marginal é herói porque enfrenta fácil, os maiores pesadelos humanos, acreditando na inteligência como única forma de seguridade, nada o atinge, nada o faz parar.
É o homem jogado as beiradas, é a mente que não se cura, é o rei do seu próprio mundo, o senhor de suas ilusões e construtor de seus castelos, modelador da arte, com olhos que saltam pelas tangentes, ele não vê o óbvio e perambula pelo universo paralelo, como o vento modela as pedras, os instintos modelam sua alma, é um animal, isento de culpa, sobrevive do necessário, nem mais nem menos, não alcança muito depois de seu nariz, é tudo o que conhece, quem esta ali, quem sempre esteve, não tem grandes pretensões e segue seu traçado, é um nômade e não tem casa.
É um sonho com peito enorme, é o andarilho das estrelas, é o doutor das estradas, o entendedor do fluxo das coisas, não tem pressa e nem vai devagar, no tempo certo o marginal se põe, em um relógio sem dinâmica, mergulhado no globo ocular de um mar profundo e imprevisível, é o marginal, o que não se adequa na linha tênue entre a loucura da natureza que se basta e a lógica dos homens que se destroem.
Ele é louco, não é pobre não é rico, não é feio nem é bonito, é o substrato da procura por algo ainda existente de prazeres simples e de homens senhores de seus destinos.